O ATENDIMENTO EDUCACIONAL
ESPECIALIZADO NO CONTEXTO BILÍNGUE
Para
compreender melhor a educação das pessoas com surdez, basta fazer uma viagem
pela sua história nas diversas sociedades e principalmente no contexto escolar
destas pessoas. As discussões e debates que ocorreram em diferentes épocas e
sociedades no que se refere ao oralismo puro e a posição gestualista. A pessoa
com surdez, consideradas por muitos como um indivíduo deficiente incapaz de
exercer as funções psicológicas, emocionais cognitivas e sociais ,passou por
muitas dificuldades durantes décadas,a verdadeira exclusão em todos os
sentidos,como deixa claro GRÉMION(1991) no seu artigo acerca da proposta bilíngue
de educação do surdo,onde relata que historicamente a surdez tem sido
considerada como uma enfermidade que deve ser curada. Partindo deste
pressuposto, muitos pais, logo que descobre que seu filho tem surdez, imediatamente
procura os centros de reabilitações e /ou clínicas para resolver o problema dos
seu filho, atrasando desta forma o processo de aprendizagem do mesmo, que
deveriam o mais rápido possível, está numa instituição de ensino. Pois sabe-se
que este atraso na aquisição das habilidades educacionais proporcionados pela
educação infantil, irá prejudicar a vida estudantil no decorrer da vida acadêmica
deste educando. Segundo GRÉMION,(1991 )a dificuldade do surdo em adquirir a
linguagem nos primeiros anos de vida, reflete em todo seu desenvolvimento mental,
emocional e na sua integração social. Mas, oque se pode perceber é que os
métodos oferecidos pelos educadores no espaço escolar, são métodos que não atendem
as especificidades deste educando. Desta forma, a escola apela para os
interpretes, em que muitas vezes, exercem o papel de professor tirando a
responsabilidade de quem verdadeiramente é responsável pela formação do aluno. Diante
desta realidade, a escola já discute métodos que eliminem as barreiras na
educação do aluno com surdez mediante as políticas para a educação destes
educandos e a proposta bilíngue tem sido motivo de discussão neste contexto.
”A
proposta bilíngue não privilegia uma língua, mas quer dar direito e condições
ao indivíduo surdo de poder utilizar duas línguas; Portanto, não se trata de negação
mas respeito;o indivíduo escolherá a língua que irá utilizar em cada situação
linguística em que se encontra”. (GRÉMION 1991).
Diante
desta proposta, o aluno com surdez, terá a oportunidade de conviver num ambiente
em que estejam presentes a língua oral escrita e a língua de sinais, reconhecendo
que o mesmo vive num mundo bilíngue. A língua de sinais como sua primeira
língua e a língua oral a segunda língua.
O
atendimento educacional especializado, tem o seu papel fundamental no processo
educacional do aluno com surdez na proposta bilíngue.
“O
AEE PS, na perspectiva inclusiva, estabelece como ponto de partida a compreensão
e reconhecimento do potencial a das capacidades desse ser humano, vislumbrando
o deu pleno desenvolvimento e aprendizagem. As diferenças desses alunos serão
respeitadas, considerando a obrigatoriedade dos dispositivos legais, que
determinam o direito de uma educação bilíngue, em que Libras e Língua
portuguesa escrita constituam línguas de instrução no desenvolvimento de todo o
processo educativo”(DAMÁZIO 2000).
Desta forma, a autora destaca três momentos
didáticos- pedagógicos nas ações do profissional do aee importantes para o desenvolvimento
do aluno com surdez: O atendimento educacional em libras, onde o profissional
do aee, acompanha o conteúdo curricular todos os dias do aluno com surdez; O
atendimento educacional especializado para o ensino da língua portuguesa-
escrita, ensinado por uma professora, preferencialmente formada em letras para
o desenvolvimento da competência linguística. O atendimento educacional especializado
para o ensino de Libras em que este profissional deva ser qualificado para ministrar
as aulas. Diante disto, percebe-se a
necessidade de um olhar especial de como estes atendimentos estão sendo
realizados nos espaços escolares e quais
as condições em que as escolas se encontram atualmente para se fazer cumprir os
direitos deste aluno, mediante a sua especificidade no seu processo educativo.